sábado, 4 de junho de 2011

4ª Reunião

Ontem (03/06/11) o GAVV reuniu-se novamente no Cravi. Foram discutidas várias ideias relacionadas aos objetivos e a identidade do grupo que, em breve, vocês poderão conferir aqui no blog.

O GAVV também decidiu apoiar e participar da 13ª Caminhada pela Paz de Heliópolis.
Informações sobre a caminhada, clique aqui.

sábado, 28 de maio de 2011

Aos leitores

Nosso blog - VÍTIMAS INDIRETAS: DO LUTO À LUTA está mudando, pois nossa luta também está.
Estamos criando um grupo, juntamente com outros cidadãos vítimas diretas e indiretas de violência.
Em breve, poderão obter mais informações sobre o G.A.V.V. e acompanhar nossas ações.
Para maiores informações, entre em contato por e-mail:
vitimasindiretas@gmail.com

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A dor de uma saudade (*)

 Por Ivone Rodrigues

“Senti na pele a dor e a perda, pois fazem 9 anos que
sinto esta dor.
Meu filho tinha só 18 anos, quando em uma 6ª feira
foi buscar sua namorada no serviço, quando foi abordado
por 3 bandidos. Eles lhe pediram a chave do carro, ele
entregou, mas os bandidos não conseguiram ligar o carro.
Dispararam, então, 6 tiros, sendo que 3 pegaram no meu
filho, que morreu na hora.
Hoje estou muito triste, nem sei e nem tenho forças
para descrever; só sei dizer que a dor é tão grande que às vezes
eu acho que não vou suportar. Tomo remédio pra dormir.
Voltei a estudar. Um dia, na escola, eu passei mal;
foi quando conheci uma mulher que é filha da zeladora da
escola e ela me falou do Cravi. Eu aceitei e estou participando.
Não estou bem, mas pelo menos conheci várias pessoas que
passaram pela mesma violência que eu.”

A VIOLÊNCIA
“Hoje em dia a violência no Brasil é uma
coisa triste. Eu posso falar, pois sofri e sofro até
hoje as conseqüências da violência.
Faz 8 anos que mataram meu filho. Ele
tinha só 18 anos e 3 bandidos pediram-lhe a
chave do carro; ele entregou, mas eles não
ficaram contentes e deram-lhe 6 tiros. Ele morreu
e isto me deixou muito triste.
Hoje, não tenho como descrever o quanto
meu coração dói. Só com a força de Deus eu
tenho conseguido não viver, mas sobreviver.
Muitas vezes eu desejei que o tiro fosse no meu
coração e não no dele.
Tomo remédio para dormir e voltei a
estudar, mas não consegui melhorar. Me dava
muitas crises, inclusive soluços, crises forte de
choro.
Até que um dia eu estava na escola onde
estudo e onde meu filho, André estudou; na
secretaria encontraram uma foto de André e eu
chorei muito. Então a filha da zeladora perguntou
para alguém porque eu estava chorando e falaram
o porquê. Como ela trabalha no Cravi, ela me
ofereceu ajuda, e eu falei que sim. Ela pegou meu
nome, e dias depois, ligaram para mim.
Comecei passando, conversando com
uma assistente social e uma psicóloga. Elas são
muito legais.
Hoje faço parte de um grupo de cidadania,
estou conseguindo uma pouca melhora, mas a
Ivone dor não passa e a saudade também não.”


(*) Relato publicado originalmente no livro "Quebrando o silêncio: memória, cidadania e justiça", p. 23-24, 2008, CRAVI, SP

Drama de uma família (*)

 Por Francisco Gomes

“Mês de maio, mês das noivas, dia das mães, mês de
Maria, mãe de Jesus, deveria ser só alegria, mas se tornou o
mês mais triste da minha vida, da minha esposa e filha, e as
demais famílias que tiveram seus filhos e filhas, tragicamente
mortos, deixando para trás planos e desejos prematuramente
consumidos pelos atos de covardia de pessoas que se julgam
no direito de tirar a vida de seus semelhantes sem nenhum
julgamento. Nem a pena de morte é executada nos países do
primeiro mundo sem um julgamento.
Há 8 anos atrás, perdi uma filha vítima da violência
e até hoje não foi encontrado o culpado. Só Deus sabe a
dor que eu e minha família sofremos, e, agora, neste
fatídico mês de Maio, meu filho desaparece sem nenhum
sinal: nem se está vivo ou morto.
Passa em minha lembrança um filme que mostra
os momentos que eu e minha esposa o visitávamos no semiaberto,
sua alegria, seus planos para quando tivesse sua
liberdade, começasse uma vida nova. Enfim ele saiu daquele
triste lugar muito contente. Fui buscá-lo e começava uma nova
vida; mesmo estando em condicional ele se mostrava otimista.
Apesar das dificuldades que se encontrava, ele
trabalhava sempre alegre, vendendo águas e refrigerantes em
locais esportivos; mas enfim, neste fatídico mês de Maio seus
planos foram bloqueados, deixando em nós um vazio imenso,
pois só quem é pai ou mãe, que vê seus filhos sendo gerados,
crescendo, correndo pela casa, muitos planos são feitos, tudo de
bom a gente sonha, até que um dia, o próprio mundo que nos
concedeu a graça de ter filhos se encarrega de levá-los da gente.
Hoje, tento entender o que houve, junto com outras
famílias que também perderam seus filhos tragicamente
mortos naquela noite do mês de Maio, e, em reunião,
vamos adquirindo forças para continuar lutando juntos;
mas um vazio sempre irá nos acompanhar.
Até quando vai durar esta impunidade, esta
desigualdade social? Sei que é difícil combatê-las, mas é
preciso que se faça algo para alertar nossos governantes para
que nossos jovens tenham um futuro mais longo e promissor.
As famílias que participam dos encontros no
Cravi buscam apoio para seus problemas: diversos casos
envolvendo violência, sede de Justiça e paz. As famílias
chegam aqui angustiadas e sem esperança e são ouvidas
em grupo contando seus dramas e desejos, sempre
acompanhadas por assistente sociais e psicólogas. Através
da convivência em reuniões nos tornamos mais otimistas,
tendo assim uma nova visão para continuar vivendo.”

(*) Relato publicado originalmente no livro "Quebrando o silêncio: memória, cidadania e justiça", p. 19-20, 2008, CRAVI, SP.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Como agem os grupos de extermínio em SP

Do R7, portal da Rede Record

Em uma das maiores operações da polícia paulista nos últimos anos, quarenta viaturas, um helicóptero e 180 homens da Policia Militar participaram durante cinco horas de buscas em um dos bairros mais violentos da periferia de Osasco, na Grande São Paulo.

A megaoperação tinha um único objetivo: localizar uma arma. Um fuzil conhecido como calibre ponto 223 - de uso restrito. A arma foi utilizada no assassinato de quatro PMs e dois policiais civis.

No fim da operação, 14 traficantes foram presos, e a polícia apreendeu drogas, dinheiro e seis armas de fogo, entre elas uma granada - até um colete à prova de balas foi encontrado. Os policiais só não encontram a arma que procuravam: o fuzil calibre ponto 223.

Mais que uma arma, o fuzil seria a prova definitiva da participação de ex-policiais militares em um grupo de extermínio que age na grande São Paulo.

O Domingo Espetacular teve acesso a um relatório confidencial da alta cúpula da Secretaria de Segurança Pública. O relatório mostra quem são e como agem os principais grupos de extermínio de São Paulo.

O documento tem quarenta páginas e revela que, nos últimos três anos, 150 pessoas foram mortas de forma suspeita pela Polícia Militar, sendo que 91 não tinham antecedentes criminais.

A motivação para as mortes é obscura. Cinquenta e oito pessoas foram mortas “sem motivo aparente” e dezenove entram na estatística como “limpeza” - ou vítimas de grupos de extermínio.

O relatório também inclui alguns vídeos. Um deles comprova a guerra interna na polícia. Mostra o momento em que três homens, usando duas motocicletas, se aproximam do prédio em que mora um policial civil que investigava um grupo de extermínio. Um homem desce da moto e se aproxima do portão, o outro estaciona na calçada. Um deles tenta intimidar o investigador que permanece dentro da guarita. O investigador ameaça tirar uma arma, e os três fogem em seguida.

De acordo com o relatório, os três homens são policiais militares, integrantes de um grupo chamado “A Firma”, que age em Santo André, na Grande São Paulo. O grupo ganhou o nome porque passou a agir como uma empresa. Os “funcionários”, todos ex-policiais militares, eram contratados para matar.

O preço de um assassinato variava entre R$ 30 mil e 50 mil reais.

As mortes de policiais civis e militares poderiam ser motivadas por desavenças no grupo ou porque os matadores ficaram incomodados com as investigações.

Na capital, a polícia ainda busca a principal prova contra os matadores de Santo André - o fuzil calibre ponto 223, considerado uma arma de guerra.


Assista ao vídeo:
http://noticias.r7.com/videos/policia-procura-arma-que-pode-explicar-como-agem-os-grupos-de-exterminio-em-sp/idmedia/99b745a1bbab61602f1ff994c7dda513.html